segunda-feira, 5 de março de 2012

Abandono de navios


Segundo um estudo preliminar das Nações Unidas existe actualmente mais de três milhões de navios abandonados por todo o mundo. Estes navios, outrora potentes e majestosos, capazes de atravessar mares que ligam continentes, encontram-se hoje em dia no fundo do mar ou nas zonas costeiras, como que sentados à espera que algo aconteça, enquanto o tempo passa lentamente. São para mim como que uma ligeira lembrança de que nada neste mundo dura para sempre.

Os navios e os barcos são invenções que remontam à Antiguidade. A sua "genética" para a aventura quase  rivaliza com o próprio espírito humano. Necessitamos do seu suporte tecnológico na pesca, na expansão dos impérios no comércio ou no turismo.

No entanto, à medida que foram surgindo novas formas de deslocação mais rápidas e eficientes, tal como o transporte aéreo, assistiu-se ao seu declínio. Foi rápido, um pouco por todas as zonas costeiras de todo o mundo. Milhares de "carcaças" destas estruturas que sempre fizeram parte do nosso imaginário transformaram-se em museus a seu aberto.

Um dos casos mais flagrantes é no Oeste Africano e no caso da fotografia em causa, em São Tomé e Príncipe, perto de Neves. Sem grande motivo de interesse ou interrogação, é hoje em dia observado pelos habitantes como algo que pertence à paisagem, como que se estivesse ali desde sempre.

Embora não seja uma visão nada ecológica, fiquei fascinado pela paisagem solitária, desolada e mesmo poética. A silhueta fantasma que convive, lado a lado, com a urgência de sobrevidência de um povo.

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