A outra localidade que referi que também se localiza no sudeste da Anatólia chama-se Hasankeyf. Estava de regresso do Curdistão Iraquiano e após um dia tão atribulado, com alguns problemas na fronteira (devido às más interpretações o visto tinha expirado há 3 dias e queriam que pagasse uma multa, para o qual não tinha dinheiro nenhum, uma vez que não havia ATM's no país) necessitava mesmo de uma paragem muito ao estilo “dolce fare niente”, num sítio qualquer inspirador. E por coincidência ou não, este foi exactamente o sítio que procurava.
É evidente que apaixonei-me à primeira vista pela cidade. No entanto, foi-me impossível ao mesmo tempo não me sentir desolado por saber que estava destinada a fica submersa, tal como Halfeti. Neste caso na sua totalidade pelas águas da barragem, uma das poucas entre vinte e duas que ainda não foram construidas.
Mas vamos a Hasankeyf. A vila com tons de mel encontra-se pendurada nas rochas sobre o rio Tigre. No meio do lugarejo, encontra-se um enorme minarete o qual, pela primeira e única vez, consegui subir até ao topo, com ajuda de um rapaz que me apresentou e serviu como interprete ao guardião da chave, que por sorte deve ter engraçado com o meu pedido invulgar. Lá em baixo, encontram-se pequenas cabanas literalmente dentro do rio, onde pescadores e comerciantes aguardam por visitantes que pretendem desfrutar de uma refeição acabada de pescar, enquanto apreciam a calma do local. Lá no topo, ruínas bizantinas que remontam ao século XIV e arquitectura que remonta ao reino Ayyube destacam este local e tornam-no no sítio ideal para nos encontrarmos ao fim de uma bela tarde.
No final, não resisti a ficar mais um dia além do que pretendia, simplesmente porque há sítios que não foram feitos para passar por eles a correr. Dizem que não é necessário haver justificações fortes para amores à primeira vista, mas em Hasankeyf encontrei bastantes.
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