O Eufrates é um dos rios mais importantes da história da Humanidade e tem uma extensão de 2800 quilómetros. Nasce na Turquia e atravessa a Síria, permanecendo a 80 quilómetros do seu rio "irmão" Tigre, até se juntar a este no Golfo Pérsico, no sul do Iraque.
O nome Mesopotâmia em Grego significa “entre rios”, referindo-se ao espaço entre estes dois. O seu nome remonta a tempos bíblicos, sendo referido pelas duas maiores religiões: no Livro da Revelação e pelo Profeta Maomé. No Novo Testamento, através do Livro da Revelação é-nos dito que quando o Eufrates secar seguir-se-á o Apocalipse. O Profeta Maomé avisou que o rio iria um dia secar revelando tesouros que dariam origem a uma grande guerra.
Estive em maior contacto com o rio em Deir-zur localizador no extremo este da Síria, junto à fronteira com o Iraque e bastante próximo das fascinantes ruínas de Mari e de Dura Europos. Tive oportunidade de visitar estas últimas acompanhado por três arqueólogos da UNESCO que me encontraram a pedir boleia dado não haver transporte para as ruinas. Entreti-me o resto do dia ao acompanhar o seu trabalho de campo, procurando analisar a evolução da conservação das ruinas. Proporcionaram-me uma visita guiada inesperada e improvisada que se revelou ser um dos dias mais interessantes a nível histórico.
Quanto a Deir-zur, é uma cidade sem particular interesse, razão pela qual não existem praticamente turistas e que por isso de certa forma além das ruinas me despertou a curiosidade. Fui muito bem recebido pela população por isso mesmo e encontrei a calma e serenidade que procurava. É dos finais de tarde que mais me recordo, a par da azáfama matinal no mercado. Era uma altura do dia em que a temperatura se tornava mais amena e propícia a encontros na ponte suspensa. Tratava-se do principal ponto de encontro de crianças, jovens, menos jovens e famílias. Dezenas de miúdos divertiam-se ao serem arrastados pela corrente do rio sentados em câmaras de ar de camião. Jovens que mergulhavam numa competição fervorosa e aplaudida por quem saltasse do ponto mais alto para o rio. Adultos e idosos que aproveitavam para pôr a conversa em dia e famílias que passeavam cruzando a ponte para ir jantar a restaurantes do outro lado do rio.
Foi numa destas noites que encontrei talvez a minha melhor companhia de viagem das próximas três semanas, o Juan e o Mickaël, numa das minhas inesquecíveis e prediletas esplanadas de café (que eu tanto adoro). Fumei com eles narguilé e bebi chá ou mate, ao mesmo ritmo que o Eufrates corria lentamente como nos últimos dois milénios.
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